segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Lembranças de Maio

Pós-Atirador


Miro o silêncio no largo dos passos
E atiro o grito no vago dos pés
Arrastando o Nada no lastro de cimento
E esfregando a sola na cara dos sapatos;
É manhã, e na Rua do Ouvidor têm-se silêncio,
Na Ilha, a vida continua e os carros passam...
Pessoas fingem subjetividade, e o sono,
Grande majestade, desperta o gozo dos mortos.
Esquartejaram meu irmão... Contaram cada sílaba
que seus ossos tinham, e Eu, piamente,
Assisti com a foice-bisturí entre os dedos...
Era tarde, e na linha de sangue vermelho
O sol banhava sua chaga nas montanhas
Lastrava assim, toda sua dor em mim...
Eu pintei um quadro colando verdades;
Agora, é noite. Eu visto o manto enevoado
E prego nos dentes peças de chumbo...
Meus dedos viraram gatilhos, e o verbo,
Projétil sujo de toda minha ignorância.

(Rio de Janeiro - 16-05-2009)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Política

Não há tanto a ser dito tal como figura em exposição. Campanhas e ingreço a uma polarização multi-desfocada de imagens descontínuas, cores quentes quase frias, o extremo de lava e fogo pintados nos blocos de concreto. Panfletos e cartazes filmados, impregnados em tinta preta descomplementada por status desatentos de verdade e mentira. A retórica falaciosa da vondade de ascender ao poder. Reconheer moedas e faces apagadas pelo passado, perder a visão dialogando com foices e agulhas. É um direito olhar ao sol fixamente, sem virar os olhos ou piscar.
É preciso que haja frio para que se reflita, o calor da batalha isenta o medo da morte e, incita a violência (não) verbal de palavras soltas e desferidas como sangue em golpe, cuspe falacial na cara do inimigo.
Não é preciso raciocinar, apenas segurar uma lança e se por em posto, sem escudo, com peito aberto sujo de tinta, protegido por flores e poemas. A coragem é uma flor vermelha com espinhos virados para dentro. A fome é uma besta que mata quem habita; O poder é a fome corajosa que empreguina sua força na vontade humana.
A beleza humana está contida em sua vileza.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Elegia Desesperada

De que adianta mãos ardentes
Colhedoras de brasas-fogo
Se as raízes-fins profundas
Encontram-se em negror e podridão?

De que adianta a voz bravia
Se é em terror e melancolia
Que os olhos se fecham e se respeitam?

De que adianta o discurso,
Verdade feroz, sem rédeas e alvo,
Se a palavra é frágil, corruptível?

De que adianta a liberdade,
Na terra, na cidade, aonde quer
Que seja, aonde quer que vamos...
Se é na saudade que nós voamos?

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Hoje na faculdade de Letras da UFRJ vi uma grande vitória e uma grande derrota... Houve depois de muitas tentativas de impor impossibilidades uma Assembléia Geral para se discutir que tipo de voto seria usado nas eleições para diretor... O voto universal ou o voto paritário. Não entrarei hoje em detalhes sobre a discussão em si, houveram falas boas, coesas, e outras ruins, frágeis de argumentos... Mas, uma coisa em específico me entristeceu, não foi como diria Murakami "the creative-lack" por meio dos discursantes (embora isso sempre contríbua um pouco), mas sim a falta de respeito, a falta de dignidade de alguns participantes diante tal evento. Um evento histórico para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, e para a própria Faculdade de Letras. Durante a fala daqueles que eram a favor do voto universal ouve vaias, urros, placas de papel levantadas com maldizeres, e vozes muitas gritando para se encerrar o debate. COMO ASSIM ENCERRAR UM DEBATE DURANTE UM DEBATE? Eles apenas queriam cumprir seu papel de votantes... Uma maioria esmagadora, pegou a dignidade, embolou-a em uma bolinha papel, amassou, e jogou pela janela, quando decidiram interromper o decorrer coeso e digno das coisas, via-se plenamente a falta de interesse da discussão em si, mas sim, uma pequena troca de afetos entre uns e outros, sem nenhuma imparcialidade ou vontade política., talvez alguma politicagem quase sem nenhuma dignidade eu diria. E assim, de uma maioria de faces e rostos familiares vi(mos) não só o voto universal e nossos argumentos sendo esmagados por uma maioria (que infelizmente não compõe 1/3 da faculdade toda, pois os outros estavam ausentes, em suas aulas, casas e demais fazeres...), mas também a liberdade individual de escolha, espremida em 1/3 de um todo desanimado... Não foi uma derrota lateral, mas sim universal, por mais irônico (e infame) que isso possa soar... Um passo atrás na democracia, mas um a frente, devido a Assembléia. Isto, meus caros, foi o que me fez compor esta Elegia Desesperada.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Relato sobre...

Boa Noite,
Como posso dizer a vós algo sobre esta que não conheço e conheço tão bem? É simples, eu não posso.
Quando nossas mãos se enlaçaram sem se tocar, e nossos amores se mesclaram à metáforas, eu simplesmente fazia-me Forma Primária; Meus olhos de céu faziam-se fogo e trevas, e a fúria que habita meu peito agitava-se e ardia-me, como se fosse me possuir, e eu insistentemente me controlava para não sucumbir. ela me torturava com sua existência frágil e intangível.
Me contaram ao entardecer que do outro lado deste horizonte que beijo sujo com os olhos lassos, cantavam meu nome em silêncio. Um relato sobre um autor-viajante, que de menino virara Rei e Nada. E então, me senti no dever de relatar para aqueles que vivem em meu reino, neste reino antropomórfico de idéias e Naturezas, quem é aquela autora-viajante, das terras dos horizontes-concretos, que decidiu se aventurar nas veredas sem fronteiras.
Uma vez à beber de meus olhos as lágrimas, me disse: "Meu corpo se aflora em fogo e se transforma na sombra de uma besta ignóbil e sagrada. A forma é a outra (não) metade de mim". E eu boquiaberto apenas consegui a abraçar e me reunir em sua tormenta, então, mesclados, Ela me repetiu: "Eu só sou uma parte de mim, as outras ou eu amo, ou desconheço".
Então, minha voz calou-se.
E ela foi se desfazendo (ou seria eu?) e logo me vi solto, nas sombras de mim mesmo, em forma de lobo, e seu cheiro se desfez em cores, e suas sombras explodiram em sons, e seu gosto se fez palpável e então, como num relâmpago, dispersou-se, arrastando-me em ventanias loucas e fogos mornos e azuis que mais deliravam e doíam do que queimavam, e quando o chão finalmente desapareceu, eu vi sua forma, meta-forma, deitada ao chão do próprio abismo, e ainda que no fundo de si, estava à minha superfície, acima de mim, estirada, pálida, Ultra-marina.
Tentei tocar suas costas e apoiá-la sobre meu corpo, ao enconstá-la, o Abismo era Eu. E assim se fez nossa trama, embebedados em cores-dores-múltiplas, juntos e afastados, sendo partidos e repartidos, e logo, nos separando cada vez mais. O não dito estava sendo dito, e minha sina mortuária estava se principiando, ia estático e extático entrar pelas portas deste Castelo...
Eu sei, ela vive. E eu aos poucos também me desperto, sonolento, pairando no ar como uma pluma... Agora que as palavras me fogem e engasgam-me em pranto inaudito... Ir-me-ei.
Mas não sem antes um afago,
Ah, minha querida... Traga-me o horizonte, que te trago a madrugada.

Atenciosamente,
Ralph Wüf

sábado, 19 de setembro de 2009

V3N3N0 Vitae

V3N3N0 Vitae

"A todos meus colegas estudantes de Filsofia e Letras"

Poetas do mundo todo tremem em suas camas:
Há um novo vírus filosófico à solta!
Ele é livre, tem fome, e busca conceitos
para devora-los, relativa-los, expurga-los...
Não importa; Ele Busca.
Seu corpo idéreo se fez presente
Nas casas, nas ruas, nos jardins de infância,
E ainda há acadêmicos que negam
Em dizer que não existe:
"Como pode haver Pós-Mordernidade
Se nem "Era Moderna" tivemos?"
Como pode haver verdade
Se o que vivemos não passa de Irreal?
E as perguntas se acumulam na garganta
Enquanto as canetas tremem ao cobertor...
...................................................E se escondem!
Sem querer encarar de frente a epidemia.
Janelas simulam manhãs,
Sitios revelam e velam vidas:
Fotografias laranja-azuladas em alerta,
Cadiados subjetivos e esfomeados.

A tarde enegreceu em bulbos,
Vômitos codificam as siglas e as horas,
Tormentas de Universo em Claustro!

Um poeta es
.....................co
.........................r
...........................reg......o
............................................-...u
............pelos es-tra-do-s...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Perpétuo

I

O poder não é Perpétuo,
Perpétuo é o medo da Morte
E a crueldade imutável do Desejo
Diante as profanas formas de Delírio
Entre os olhos diáfanos dos mortais.
A Vida está escrita no livro do Destino
Que percorre os labirintos da existência
Entre a alma dos homens e das eras
Com seus versos tortos e cegos,
Sonhando estilhaços desesperados
De espelhos sem reflexo ou pupila
Isento da consciência da Destruição
Que desvirtua e glorifica os homens;
Perpétuo é o Não-Saber.

II

“O Sonho é o mais próximo da Morte”

A Fome dilacera a vontade
E despedaça as convicções
Criadas em matérias intangíveis
'Inda que Reais...

A fraqueza dos homens dissolve
A dor que caminha no deleite
E leva à pequena morte – Vida -

Tomar uma parte pelo Todo
E Perpetuar o grande enigma
Dissolvendo castelos e guardiões;
Perpétuo são os enigmas da vida.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

sábado, 1 de agosto de 2009

ABRIMAR

ABRIMAR Noturno

Abri os mares como num açoite
O Vento erguia-se etéreo
E não importava-me se era dia ou noite,
Duas ondas me dividiram;

Fabricava castelos imaginários
De uma areia onírica, fina,
Que pingavam nos olhos sedentários
Daquela matéria cristalina...

Vida vista pelas lentes outonais,
Não minha, as tais, de ninguém...
Cobriam portas, liceus abandonados
Feitos de musgo e mais alguém.

Duas ondas rebentaram fera
Sem dar luzes à primavera
Que morta fez questão de levantar,
Um ponto, uma questão...

E embebedaram-se do que não tinha
No meio daquela ventania fria
Que eu fazia questão de esquecer,
Credros vermelhos escorrem pela torneira.

terça-feira, 14 de julho de 2009

A Estética dos Desajustados

Os Corpos

Somos o lodo sujo das calçadas
Lábios vermelhos de mercúrio,
A essência fálica e o barulho
Aves negras da madrugada.

Somos ébrios loucos tresloucados
Ascendência suma, escorpião,
Vento lâmina sem direção,
Lobos cinzentos e esfomeados.

Somos luzes roxas e bares vazios,
Whisky barato e melodia
Cujo a voz rouca some e adia
Um pôr-do-sol sempre tardio.

Somos fogo-fátuo prematuro
Feitos de enferrujadas grandes cegas
Sem esperanças, calor, ou adegas...
Prodigios desferrolhados e imaturos.

Nós somos os corpos desajustados
Filhos da sujeira banida na estética...
Andarilhos d'uma sociedade esqueletica,
O princípio de uma nova manhã.

13-07-2009
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Eu andei ha um bom tempo pensando em fazer esta nova série, "A Estética dos Desajustados", enquanto eu lia o livro do socioólogo Zygmunt Bauman, denominado "O Mal-Estar na Pós-Modernidade", sendo que a primeira parte fala deveras disso, da "sujeira" da sociedade, sendo esta "sujeira" composta por membros desajustados nos padrões de estética social. Então, sem mais delongas, está ai o primeiro texto da série "A Estética dos Desajustados". Espero que ela se finde bem.

À todos, Saudações.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Travessia - Além mar -

Travessia

"Eu sou um grande mistério para mim".

Tardio silêncio desmembrante,
Travessia tormentada à causto,
Solene véu enevoado e coberto
de sentidos sem significados.
Dama Obtsua desconhecida
Madrinha e mãe de heróis,
Guerras, bravuras, e sangue
Corredora do plasma de cada um;
Assumir fardos e grandezas
Atravessando linhas e limites
Provocando a morada construtora
Que uma madrugada torna manhã.

24-06-2009
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Poema feito durante minha última aula do curso sobre "A travessia épico-existencial em Mensagens, Fernando Pessoa" Dado pelo meu caríssimo professor Antônio Máximo. Este não é um peoma para ser entendido...

sábado, 20 de junho de 2009

Psicografia - Criação Suspensa de si -











Psicografia

A hora das cinzas morreu.
O vulto da manhã desperta,
Sereno não me apavora:
Cantos são roncos suavíssimos;

Meu fogo manso deu-se acalantado
Como num soneto, fálico,
Dando luz aos olhos que
Fingem cantar ternura;
Amanhã eu transito no tempo
Intransponível.

Mas não cante o silêncio vão
Dos beijos jogados aos quilômetros
Que percorro com pés ausentes
De caminhos sangüíneos
- Vitória indestinada aos gregos.

Eu sou o Deus da distância
E o mártire do langor inacabado,
Bêbado em forma e sutileza
fêmea, cárcere em vigor.

Cante! Pois canto no agora
A presença mortal de minha aurora.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Carpe Noctem

Mas, tudo bem...
Deixe que a manhã adentre a janela
E que a noite se esvaia pelos vãos das portas,
Porque são as sombras que cobrem a pelnitude
E invadem solenemente a solidão;
Mas não adianta só o verbo,
Fibra frágil e fria como lâmina,
Pois é com mãos que levantam muros
E soltam as marretas na muralha;
Sairemos com calos nos dedos
E olheiras roxas por baixo dos olhos
Com apoios de Minerva de ouro, ou não!
Pois são com brados e palmas que se fecha a batalha.
Pés limpam de sangue o chão
'Inda que não limpem a língua da falácia...
E agora, que dedos acendam as luzes
Para que ascendam nas veias da illuminura
Aquilo que chamamos de Universo.

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Poema feito devido a realidade posta à faculdade de letras da UFRJ e seu finalmente curso noturno, que pelo qual venho adentrando nas congregações e defendendo este plano. Hoje enquanto eu fazia o poema, assistia eu a uma reunião com o reitor atual. Que agora haja condições de se fazer o curso já aprovado. ;]

sábado, 9 de maio de 2009

Primeiro (projeto de) Soneto;

Soneto da Vigésima Segunda

"No Piauí de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade"
(Ferreira Gullar)

De vinte e duas crianças, tu és a primeira
Dentre todas que não ousariam morrer
E então, profundou-se no céu de Janeiro
Com teus olhos incautos na aurora do Outono

E fitavas enquanto a chuva tecia
As feridas que a agulha causava ao papel,
Tormentas, trovão, nova Mesopotâmia
Que os deuses fizeram questão de esquecer;

És aquele que o corvo abençoou com sua pena
E que a tinta langue e ácida adentra o horizonte,
E assim, desferrolhando a alma dos mediocres.

Enquanto todos bebem o vinho das eras
Tu degustas a essência da fria eternidade
Adentrando então o primórdio de mim.

(UFRJ - 8/5/2009)

"Nunca me levem ao óbvio..."

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Drasticidade... Criatividade;

Despedida de 沖縄県


Não cales por mim

Com o silêncio dos mortos

O instante que embarco

Na embarcação negra e pesada,

'Que eu não amo mais o que estudo,

Apenas, o que faço...

E o que sei fazer é ser inconstante.

Ah, minha preguiça...

Tu não podes banhar as pétalas

Rosadas na primavera de 江戸

Não mais, claro, pois parto;

E por favor, não chores por mim

Pois foi tua chuva noturna (雨夜

Que me batizou e entre

as núvens negras e azuis me fez.

Todavia, eu choro agora,

Por ti 日本, não por mim!

Pois tu tornaste uma sombra

E no meu seio voltaste a falecer

Enquanto eu tapo meus olhos

E fujo de tua aurora...

O poente se tornou minha pátria;

Pois o voltou ao

E minhas chagas titubeiam ao おわり...

Eu agora, estou indo embora.

domingo, 5 de abril de 2009

Hamlet - "To be or not to be?" [Crítica Teatral]

Ficha Técnica:


HAMLET

De William Shakespeare

Tradução de Aderbal Freire-Filho com Barbara Harrington e Wagner Moura

Direção de Aderbal Freire-Filho

Com Wagner Moura, Tonico Pereira, Carla Ribas, Georgiana Góes, Mateus Solano, Candido Damm, Fábio Lago, Felipe Koury, Gillray Coutinho e Marcelo Flores

Cenário: Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque

Iluminação: Maneco Quinderé

Figurinos: Marcelo Pies

Trilha Sonora: Rodrigo Amarante

Produção Executiva: Nil Caniné
Direção de Produção:
Sérgio Martins
Realização: Sérgio Martins & Wagner Moura

Patrocínio: Bradesco PRIME.

Boa tarde,
Contudo, ontem fui assistir à uma peça no Teatro "Oi Casa Grande", primeira peça que assisto
em um teatro grande, e a primeira que chego a possuir críticas concretas.
Com um elenco composto por algumas "estrelas globais" entre outros bons atores ( Wagner Moura, Tonico Pereira, Carla Ribas, Georgiana Góes, Mateus Solano, Candido Damm, Fábio Lago, Felipe Koury, Gillray Coutinho e Marcelo Flores) e um cenário desnudado de caracteres,
mas possuinte de uma câmera e telão, houve uma representação "modernizada" do clássico
Shakespeariano.
A peça foi de uma pontualidade impecável, porém com uma atuação apressada, de muitas gesticulações e pouca melancolia,
parte que se torna essencial no personagem príncipe, cujo o ar humano e soturno lhe são mais característicos.
Começa-se com o pai morto de Hamlet, interpretado por praticamente todos os atores da peça levantando-se da armadura (que estava estirada no meio do palco antes de começar a encenação) e com suas varias vozes e jogos de luzes atormentando os guardas e o jovem príncipe.
A peça segue um pouco massante no primeiro ato, com muitos gestos desnecessários e adaptações, um ar
de demora contínua impregna as falas (que por sinal tiveram quase todas um belíssimo efeito de cuspe voador).
No tradicional "To be or not to be?" não houve Hamlet introspectivo e profundo, mas sim um personagem apresado,
de uma violência vazia típica dos ignorantes e algumas vezes dos loucos. Frases devoradas e uma essência perdida que trouxe em si a sutileza dos dias de hoje.
Estamos em tempos de perda da essência; Este, é o mal da modernidade.
O figurino que parecia ter saído de uma loja de grife moderninha, deu um ar atemporal (ou temporal em demasia) à obra.
Durante a peça ouvi uns comentários negativos do público, entretanto algumas atitudes tomadas em palco nas próprias falas se justificavam.
A câmera foi um jogo visual televisivo, que se tivesse sido bem apropriado nos momentos não teria sido a faca de dois gumes
que foi, pois se em certas horas mostrava uma perspectiva diferente e tornou-se indispensável para o final e para o afogamento de Ofélia,
(qual achei muito bom, diga-se de passagem) em outros causava uma distração na cena
e atrapalhava a estética do palco (como dito anteriormente, desnudado).
Senti falta de humanidade e serenidade na peça, em poucos momentos a melancolia e a sobriedade aparecem, entretanto,
a violência e os mais variados gestos e traços cômicos tiveram seu aspecto
positivo, dando à peça um ar de originalidade e talvez para alguns suave graça,
Ofélia depois do intervalo sucinto de dez minutos foi de maneira muito interessante interpretada, com canções populares, delírios, e um toque
suave e explicito de sensualismo (talvez eu até me atrevesse a usar erotismo). E seu irmão Laertes também foi representado bem,
não digo com maestria, porém, sóbrio em aspectos.
A luta de esgrima, durante o duelo entre Hamlet e Laertes foi bem encenada e interessante em aspectos técnicos. Golpes fugazes e bem direccionados, e a cena seguida da morte por envenenamento da mãe de Hamlet, simplesmente um belíssimo desfecho!
Não tenho comentários sobre a trilha sonora, composta por algo que eu penso ser um tipo de "New Folk" usado apenas em momentos de extrema necessidade auditiva.
Tirando estes fatos que me chamaram à atenção a peça em si foi boa, ou no mínimo, rasoavel. Interpretação bem feita,
sem demais falhas grandes, e mantidas na medida do possível, com um elenco sucinto, múltiplos personagens bem trabalhados.
Então em seus 180 minutos, a peça correu sem grandes alardes, dando exeção apenas a algumas atuações chamativas, e na medida do possivel uma prova da modernidade e contextualização.
Eu diria até interessante se não fosse a falta de humanidade numa obra tipicamente humana.

Saudações.


quarta-feira, 25 de março de 2009

Uma pequena tolice à uma grande pessoa.




イゴル (Igor)

A Poesia tem teu nome
E minha pena tua pele;
Teus olhos, vidência...
A verdade de todo o meu ser.

Desculpem pela má apresentação do poema; Desde já, muito obrigado.

Apresentação - Patética -

Depois de muito tempo usando um site especialisado em poesia decidi revolver com o meu blog. Dessa vez pretendo postar além das minhas - banais? - poesias, minhas idéias.
Não tenho muitas esperanças que pessoas chegem a ler interessadamente este pequeno site, mas caso haja alma que se preste a isso, sintam-se todos à vontade, pois este é um site onde valores serão resgatados, remastigados e descontruidos se necessário. Não espero ser apenas outro peso em KB na rede da internet, mas sim um amplo buraco negro de proporções desvairadas nas mentes de quem lê. Desde já, muito obrigada pela paciência ;]

Saudações.