domingo, 28 de agosto de 2011

Uivo

Uivo

I

Quero uivar,
como uiva na planície o Lobo.
Gritar: berro de tristeza e presença;
Admirar a canção que se faz em meu íntimo,
e sentir sob a noite estrelada
a plenitude de que estou só.
Ouve-se o grito à distância
como um sussurro proferido ao pé do ouvido,
Um trovão que retumba sobre o céu,
E um raio que arrebenta-se
por debaixo da terra.
Houve noites, e agora há noite em tudo que vejo,
Em meu âmago se prolifera o som,
rosnado incauto de que se está vivo,
Fúria que cresce no ameaçar dos quilômetros.
Estou sozinho, completamente
E em meu ser alarga-se esta vontade.
Estou sozinho, e em mim,
Cresce uma fera que tem fome.

II

Estou sozinho;
E o céu noturno se alonga
sobre minha cabeça como um precipício:
Entre as estrelas,
só sua presença se enquadra.

Estou sozinho;
Ao meu redor se estende uma floresta
Com árvores reluzentes de mercúrio
E caixas onde se habita vida.
(Que eu não vejo)

Estou sozinho;
Há fogo em minhas entranhas
E em minha voz um nome que ecoa
...................................................se eu grito.
- Em meu âmago algo se prepondera.

Estou sozinho;
E perdura em meus pés
A sensação de umidade que escorre
de meus olhos, e dos olhos da noite.

Estou sozinho;
E ao meu lado sua presença se estende.