terça-feira, 22 de setembro de 2009

Relato sobre...

Boa Noite,
Como posso dizer a vós algo sobre esta que não conheço e conheço tão bem? É simples, eu não posso.
Quando nossas mãos se enlaçaram sem se tocar, e nossos amores se mesclaram à metáforas, eu simplesmente fazia-me Forma Primária; Meus olhos de céu faziam-se fogo e trevas, e a fúria que habita meu peito agitava-se e ardia-me, como se fosse me possuir, e eu insistentemente me controlava para não sucumbir. ela me torturava com sua existência frágil e intangível.
Me contaram ao entardecer que do outro lado deste horizonte que beijo sujo com os olhos lassos, cantavam meu nome em silêncio. Um relato sobre um autor-viajante, que de menino virara Rei e Nada. E então, me senti no dever de relatar para aqueles que vivem em meu reino, neste reino antropomórfico de idéias e Naturezas, quem é aquela autora-viajante, das terras dos horizontes-concretos, que decidiu se aventurar nas veredas sem fronteiras.
Uma vez à beber de meus olhos as lágrimas, me disse: "Meu corpo se aflora em fogo e se transforma na sombra de uma besta ignóbil e sagrada. A forma é a outra (não) metade de mim". E eu boquiaberto apenas consegui a abraçar e me reunir em sua tormenta, então, mesclados, Ela me repetiu: "Eu só sou uma parte de mim, as outras ou eu amo, ou desconheço".
Então, minha voz calou-se.
E ela foi se desfazendo (ou seria eu?) e logo me vi solto, nas sombras de mim mesmo, em forma de lobo, e seu cheiro se desfez em cores, e suas sombras explodiram em sons, e seu gosto se fez palpável e então, como num relâmpago, dispersou-se, arrastando-me em ventanias loucas e fogos mornos e azuis que mais deliravam e doíam do que queimavam, e quando o chão finalmente desapareceu, eu vi sua forma, meta-forma, deitada ao chão do próprio abismo, e ainda que no fundo de si, estava à minha superfície, acima de mim, estirada, pálida, Ultra-marina.
Tentei tocar suas costas e apoiá-la sobre meu corpo, ao enconstá-la, o Abismo era Eu. E assim se fez nossa trama, embebedados em cores-dores-múltiplas, juntos e afastados, sendo partidos e repartidos, e logo, nos separando cada vez mais. O não dito estava sendo dito, e minha sina mortuária estava se principiando, ia estático e extático entrar pelas portas deste Castelo...
Eu sei, ela vive. E eu aos poucos também me desperto, sonolento, pairando no ar como uma pluma... Agora que as palavras me fogem e engasgam-me em pranto inaudito... Ir-me-ei.
Mas não sem antes um afago,
Ah, minha querida... Traga-me o horizonte, que te trago a madrugada.

Atenciosamente,
Ralph Wüf

sábado, 19 de setembro de 2009

V3N3N0 Vitae

V3N3N0 Vitae

"A todos meus colegas estudantes de Filsofia e Letras"

Poetas do mundo todo tremem em suas camas:
Há um novo vírus filosófico à solta!
Ele é livre, tem fome, e busca conceitos
para devora-los, relativa-los, expurga-los...
Não importa; Ele Busca.
Seu corpo idéreo se fez presente
Nas casas, nas ruas, nos jardins de infância,
E ainda há acadêmicos que negam
Em dizer que não existe:
"Como pode haver Pós-Mordernidade
Se nem "Era Moderna" tivemos?"
Como pode haver verdade
Se o que vivemos não passa de Irreal?
E as perguntas se acumulam na garganta
Enquanto as canetas tremem ao cobertor...
...................................................E se escondem!
Sem querer encarar de frente a epidemia.
Janelas simulam manhãs,
Sitios revelam e velam vidas:
Fotografias laranja-azuladas em alerta,
Cadiados subjetivos e esfomeados.

A tarde enegreceu em bulbos,
Vômitos codificam as siglas e as horas,
Tormentas de Universo em Claustro!

Um poeta es
.....................co
.........................r
...........................reg......o
............................................-...u
............pelos es-tra-do-s...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Perpétuo

I

O poder não é Perpétuo,
Perpétuo é o medo da Morte
E a crueldade imutável do Desejo
Diante as profanas formas de Delírio
Entre os olhos diáfanos dos mortais.
A Vida está escrita no livro do Destino
Que percorre os labirintos da existência
Entre a alma dos homens e das eras
Com seus versos tortos e cegos,
Sonhando estilhaços desesperados
De espelhos sem reflexo ou pupila
Isento da consciência da Destruição
Que desvirtua e glorifica os homens;
Perpétuo é o Não-Saber.

II

“O Sonho é o mais próximo da Morte”

A Fome dilacera a vontade
E despedaça as convicções
Criadas em matérias intangíveis
'Inda que Reais...

A fraqueza dos homens dissolve
A dor que caminha no deleite
E leva à pequena morte – Vida -

Tomar uma parte pelo Todo
E Perpetuar o grande enigma
Dissolvendo castelos e guardiões;
Perpétuo são os enigmas da vida.