quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Elegia Desesperada

De que adianta mãos ardentes
Colhedoras de brasas-fogo
Se as raízes-fins profundas
Encontram-se em negror e podridão?

De que adianta a voz bravia
Se é em terror e melancolia
Que os olhos se fecham e se respeitam?

De que adianta o discurso,
Verdade feroz, sem rédeas e alvo,
Se a palavra é frágil, corruptível?

De que adianta a liberdade,
Na terra, na cidade, aonde quer
Que seja, aonde quer que vamos...
Se é na saudade que nós voamos?

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Hoje na faculdade de Letras da UFRJ vi uma grande vitória e uma grande derrota... Houve depois de muitas tentativas de impor impossibilidades uma Assembléia Geral para se discutir que tipo de voto seria usado nas eleições para diretor... O voto universal ou o voto paritário. Não entrarei hoje em detalhes sobre a discussão em si, houveram falas boas, coesas, e outras ruins, frágeis de argumentos... Mas, uma coisa em específico me entristeceu, não foi como diria Murakami "the creative-lack" por meio dos discursantes (embora isso sempre contríbua um pouco), mas sim a falta de respeito, a falta de dignidade de alguns participantes diante tal evento. Um evento histórico para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, e para a própria Faculdade de Letras. Durante a fala daqueles que eram a favor do voto universal ouve vaias, urros, placas de papel levantadas com maldizeres, e vozes muitas gritando para se encerrar o debate. COMO ASSIM ENCERRAR UM DEBATE DURANTE UM DEBATE? Eles apenas queriam cumprir seu papel de votantes... Uma maioria esmagadora, pegou a dignidade, embolou-a em uma bolinha papel, amassou, e jogou pela janela, quando decidiram interromper o decorrer coeso e digno das coisas, via-se plenamente a falta de interesse da discussão em si, mas sim, uma pequena troca de afetos entre uns e outros, sem nenhuma imparcialidade ou vontade política., talvez alguma politicagem quase sem nenhuma dignidade eu diria. E assim, de uma maioria de faces e rostos familiares vi(mos) não só o voto universal e nossos argumentos sendo esmagados por uma maioria (que infelizmente não compõe 1/3 da faculdade toda, pois os outros estavam ausentes, em suas aulas, casas e demais fazeres...), mas também a liberdade individual de escolha, espremida em 1/3 de um todo desanimado... Não foi uma derrota lateral, mas sim universal, por mais irônico (e infame) que isso possa soar... Um passo atrás na democracia, mas um a frente, devido a Assembléia. Isto, meus caros, foi o que me fez compor esta Elegia Desesperada.

3 comentários:

  1. Bravo Amaya!
    Bonito escrito senhorita.
    De que andianta ter tudo se no fim não é o que realmente queremos, se no fim de tanta luta o pote que parecia cheio de ouro só continha Pirita.
    Um abraço pra ti ^^
    Obrigado por compartilhar seu blog cumigo XD
    até mais

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  2. Bruno filho da puta!

    (é a ray. acho que vai coisar como erick)

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  3. Só Jesus cura o Paritário das pessoas.

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