terça-feira, 14 de julho de 2009

A Estética dos Desajustados

Os Corpos

Somos o lodo sujo das calçadas
Lábios vermelhos de mercúrio,
A essência fálica e o barulho
Aves negras da madrugada.

Somos ébrios loucos tresloucados
Ascendência suma, escorpião,
Vento lâmina sem direção,
Lobos cinzentos e esfomeados.

Somos luzes roxas e bares vazios,
Whisky barato e melodia
Cujo a voz rouca some e adia
Um pôr-do-sol sempre tardio.

Somos fogo-fátuo prematuro
Feitos de enferrujadas grandes cegas
Sem esperanças, calor, ou adegas...
Prodigios desferrolhados e imaturos.

Nós somos os corpos desajustados
Filhos da sujeira banida na estética...
Andarilhos d'uma sociedade esqueletica,
O princípio de uma nova manhã.

13-07-2009
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Eu andei ha um bom tempo pensando em fazer esta nova série, "A Estética dos Desajustados", enquanto eu lia o livro do socioólogo Zygmunt Bauman, denominado "O Mal-Estar na Pós-Modernidade", sendo que a primeira parte fala deveras disso, da "sujeira" da sociedade, sendo esta "sujeira" composta por membros desajustados nos padrões de estética social. Então, sem mais delongas, está ai o primeiro texto da série "A Estética dos Desajustados". Espero que ela se finde bem.

À todos, Saudações.