sábado, 1 de setembro de 2012

Canção ao Einhleuchtend

V

Deixa no silêncio das mãos
A verdade: aquilo que se
sente e pensa; cala incauto
e sossega a ânsia que transparece
entre os dentes brancos iluminados
pela fosca luz etílica das
madrugadas em calçadas. Mas cala!
Deixa quedar pausa sobre o ar,
tensão sutil sobre os corpos
que se respeitam em ausência,
para que somente o olhar
cálido da aurora te toque,
ainda que Porvir, e te
envolva na suave cor âmbar
das mãos que calam em acordo;
Mas te aquieta, coração! Porque
todo esse alarde não te serve de nada...
Deixa os burburinhos para os bichos
e a afetação para todas as gentes,
mas te acalma e contém este
suspiro, suave prova de Ser:
Cala e segue cm as mãos
unidas na plenitude do Vazio.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Canção ao Einhleuchtend

IV

Doce palavra nos teus lábios amargos:
Egoismo. Tua voz doce em ouvidos secos
Num povo esvaziado de Fé.
Crença, não num Deus, mas em si,
Virtude sólida de ser ante o Mundo.
Quando Tudo era Nada, você veio
como Orpheu, lira em mãos,
e quando a Terra era só deletério,
você fez-se arrebatamento, para
depois mostrar-se humano,
e tão vil como tal. Suas palavras
não me penetram, mas ainda ecoam
na minha mente, ao fundo, como
um sopro na baforada das gentes
ao pé do ouvido. Seu nome,
inverso desejo dos sacerdotes de Creta,
é um mistério já revelado nos trilhos;
E tua vontade, oração impregnada
nos anseios de vós, humanidade.