domingo, 28 de agosto de 2011
Uivo
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Falsos Haikais e Pesadelo
sábado, 11 de junho de 2011
Balada
Um Chiste...
terça-feira, 15 de março de 2011
Rua dos Carvalhos
Na rua fumo como todos os dias,
Estou cinza, triste, noturno,
Como sempre estive,
E comedido lembro que sou um poeta
e que preciso escrever.
As ruas já me são familiarizadas,
em menos de uma semana,
Entretanto, ainda sou um estrangeiro
Dentro de meu próprio país.
Amanhecerá como todos os dias,
A luz da manhã irradiará o meu quarto,
meus livros, meus móveis recém comprados,
novos ainda que usados, que me remetem a uma nova vida,
uma nova casa, um novo porvir.
Ainda assim, estou só.
Hoje estou sereno, calmo,
Completo em mim mesmo, e sinto
suavemente a solidão das almas
se instaurar em toda a minha repletude.
Há braços, mas os únicos braços que encontro
são os meus. (Quando estendo as mãos, é claro).
Não quero beber, diminuo os cigarros
conforme a intensidade se esvanece,
Lembro de meus projetos e de meus amigos,
Reconheço a luz acesa da janela
de meus novos amigos, e sorrio, sem muita graça
ao saber que se encontram dormindo,
e esqueceram, como sempre, a luz da sala acesa.
Recordo de meus amigos antecessores,
De meus queridos que deixei para trás.
Sinto teus hálitos, seus corpos, seus abraços,
E ouço o som de pássaros imaginários,
que para mim, são silvestres, e selvagens apenas,
habitam os topos dos céus com suas asas de fogo e sombra.
Hoje, na rua do Paralelo, não há ninguém,
mas ainda se encontram dois homens tomando
suas refeições noturnas. Eles não me dizem nada,
Somos desconhecidos.
Nos desconheceremos sempre, enquanto sempre,
e formos humanos mergulhados no seu próprio egoismo.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Canção ao Einhleuchtend
Corre por entre as matas
a tua altura mais que ingrime,
Onde tudo o que a ti é inverso
Se interage na sua forma mais séria.
Sóbrio, o instante te cala,
Sem voz, ruge teu instinto mais sagrado
E faz tremer teus olhos tão incautos.
Aonde está tua voz agora?
Teus passos não se encontram sobre
esta terra desgarrada de teus vícios.
Teu nome, vil, é atado pelos galhos
flexíveis das almas que se despertam
sobre o verde malogrado dos dias;
E teu corpo, palavra estrangulada,
É deitado no meio das copas, onde
tudo rasteja e vôa.
Dentro deste silêncio, teu nome levado
ao inverso, percorre pela outra face
daquilo que te compõe e faz-se compor.
E este sorriso escancarado na face
se despede, torna-se gracejo indesejado
diante do solene que eleva e puxa-te para baixo.
Cala-te diante a origem.
Cala-te e segue pelo corredor estreito,
Abaixa-te e esgueira por entre a verdade
que te morde e te arranca a pele e o som,
deixando-te ensangüentado a percorrer o caminho
em sua metade, sem escapatória: se não,
aceitar e emudecer. Pois teu nome
Teu nome é a verdade não dita.
Falsos Haikais e Haikai Completo.
Sobre meu túmulo
Adormecem
Um lobo e uma flor de cerejeira.
II
Naquela noite ,
Estavam cravados seus olhos
Sobre meu peito.
III
Vindo das profundezas
Me perseguiam,
IV
E diante de tantos
mistérios, somente posso
concordar: Tudo é.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Um novo capítulo [Maio de 2010]
Um Concerto de Violinos
(Inacabado)
“Uma xarada: Um homem está sentado em um banco à frente de uma grade.
Delírio tem os sonhos em mãos, como joguetes. A grade começa a cair em cima
do homem; Sonho começa a ceder aos toques de Delírio. O Sonho se vê sendo esmagado
pela grade. Entrou no lugar do homem.
Aonde o homem está?”
Vestígios da Madrugada:
D. está sentado na beira de um mar. O céu é rosado ea areia mais assemelhase a sal, de tão esbranquiçada e exígua que se apresenta. Não restam muitos vestígios de pgadas no chão. Apoiando a têmpora com a palma da mão D. Contempla o mar. Seus olhos são perdidos na vastidão. Ele suspira.
É noite. Um homem e uma mulher encontram-se em um baile de máscaras. Eles dançam e conversam a noite inteira. No fimda festa, ele a toma nos braços e a beija. De mãos dadas eles saem e põem-se a caminha pela calçada. Do outro lado, a orla marítima, esvaziada.
Apenas gaivotas testemunham a madrugada.
À tarde ela se concentra em manifestos políticos, distribui panfletos, inflamadiscursos embriagados e, entrega doses generosas aos mendigos na rua. Eles começam a sorrir e berrar. É uma dor muito forte, parece que os vai romper. Ainda assim, eles não querem que ela se vá. Têm uma certa dose de praser... D. Os abraça solenemente e se põea dançar entre eles. A praça está repleta de transeuntes, e ainda assim, sem ninguém.
Um corvo pousa nos ombros de D.
Você sabe que a sabedoria de um tolo não lhe libertará neste momento...
E não faz sentido você dizer isto a mim neste momento.
Ele permanece imóvel. Apenas as suas vestes balançam suavemente ao vento. Um ponto de sombra na imensidão espumante.
Eu gostaria de poder te entender, sabia?
Hm...
Eu sei que não faz diferença, mas eu me importo, sabia?
Mas a mim não...
Doeu, não foi?
Muito menos do que eu acharia que fosse doer.
O corvo fica pulando de um ombro ao outro, tentando posicionar-se da maneira mais confortável possível.
E agora D. O que fará?
Apenas o que precisa ser feito... Responsabilidades são para isso, não? Distração.
O corvo o encara tristemente. Ele continua olhando para frente, sem piscar.
O homem acorda pela manhã com o som do rádio programado. Desperta às 6:30. Ele levanta-se animado, movimentando-se, conforme a música que sai pelos pequenos auto-falantes, direciona-se ao banheiro.
“Everybody, loves my baby...” ♪
Ducha fria e escova de dentes. Camiseta básica branca, bermuda creme, tênis de caminhada preto. Um “olá” para a pequena largatixa presa na parede do quarto e uma porta que se fecha. De mochila nas costas ele toma um ônibus para lugar qualquer.
D. caminha por entre a rua. Está deserta. Ainda não chegou o amanhecer. Um casal encontra-se sentado à beira-mar, abraçados, eles conversam entre beijos. As palavras são inaudíveis, sussurros entre a explosão das ondas. Fins que justificam os meios.
D. os observa e contempla o rosto dos amantes. E de repente, apavora-se, sem saber o que fazer. Fixa o olhar no rosto do homem e pensa em ir falar com ele. Acena, mas ele não a reconhece; pior, parece simplesmente que não a vê. Ela acena uma vez mais, sendo seguidamente ignorada. Ela se constrange, confusa. Aperta as mãos contra o peito, e encobre o sorriso dos olhos anteriormente expostos e explicitos. Decide-se e dá de ombros, pondo-se a caminhar orla a baixo, em direção a um pequeno rochedo. Ela não parece mais se importar.
O homem pára por um instante e olha nos olhos da amada com uma expreção incômoda.
O que foi, querido?
Não sei, parecia que havia alguém aqui.
Os olhos percorrem a praia. Não há viv'alma presente, apenas as luzes dos postes e gaivotas adormecidas na areia. Ela percorre o olhar em torno de si e nada vê.
Deve ter sido só imprensão sua...
Diz ela tomando-o pelo rosto.
Talvez...
Shh...
Pedindo para ele ficar quieto, beija-o.
Do outro lado o mar começa uma fria garoa, lá acabou de anoitecer, completamente. Tudo é breu e brilho: gotas de chuva triste e nebulosa.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Regresso
Canto e só por isso sou completo,
Enquanto calado: sou nada.
Mudez entorpecida.
Eu parti, como todos devem,
Como ninguém deveria
E deixei para trás os seus passos
A tocar a vida devagar.
- Esperando meu regresso? -
Sem resposta observo a estrada
Ela me sufoca e me sublima
Num instante de fúria e fogo.
Um foco que não sei se devo perseguir.
Eu prometi que não largaria nada
Prometi que continuaria, contudo,
A seguir pegadas suaves de uma vontade
maior a todas as vidas. E ainda
assim, negligencio seu apelo,
E faço da desordem um propósito,
Sem sentido, sem razão...
E busco enquanto se esvai a fumaça e o trem
Sua mão a encontrar-se com a minha.