segunda-feira, 13 de abril de 2009

Drasticidade... Criatividade;

Despedida de 沖縄県


Não cales por mim

Com o silêncio dos mortos

O instante que embarco

Na embarcação negra e pesada,

'Que eu não amo mais o que estudo,

Apenas, o que faço...

E o que sei fazer é ser inconstante.

Ah, minha preguiça...

Tu não podes banhar as pétalas

Rosadas na primavera de 江戸

Não mais, claro, pois parto;

E por favor, não chores por mim

Pois foi tua chuva noturna (雨夜

Que me batizou e entre

as núvens negras e azuis me fez.

Todavia, eu choro agora,

Por ti 日本, não por mim!

Pois tu tornaste uma sombra

E no meu seio voltaste a falecer

Enquanto eu tapo meus olhos

E fujo de tua aurora...

O poente se tornou minha pátria;

Pois o voltou ao

E minhas chagas titubeiam ao おわり...

Eu agora, estou indo embora.

domingo, 5 de abril de 2009

Hamlet - "To be or not to be?" [Crítica Teatral]

Ficha Técnica:


HAMLET

De William Shakespeare

Tradução de Aderbal Freire-Filho com Barbara Harrington e Wagner Moura

Direção de Aderbal Freire-Filho

Com Wagner Moura, Tonico Pereira, Carla Ribas, Georgiana Góes, Mateus Solano, Candido Damm, Fábio Lago, Felipe Koury, Gillray Coutinho e Marcelo Flores

Cenário: Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque

Iluminação: Maneco Quinderé

Figurinos: Marcelo Pies

Trilha Sonora: Rodrigo Amarante

Produção Executiva: Nil Caniné
Direção de Produção:
Sérgio Martins
Realização: Sérgio Martins & Wagner Moura

Patrocínio: Bradesco PRIME.

Boa tarde,
Contudo, ontem fui assistir à uma peça no Teatro "Oi Casa Grande", primeira peça que assisto
em um teatro grande, e a primeira que chego a possuir críticas concretas.
Com um elenco composto por algumas "estrelas globais" entre outros bons atores ( Wagner Moura, Tonico Pereira, Carla Ribas, Georgiana Góes, Mateus Solano, Candido Damm, Fábio Lago, Felipe Koury, Gillray Coutinho e Marcelo Flores) e um cenário desnudado de caracteres,
mas possuinte de uma câmera e telão, houve uma representação "modernizada" do clássico
Shakespeariano.
A peça foi de uma pontualidade impecável, porém com uma atuação apressada, de muitas gesticulações e pouca melancolia,
parte que se torna essencial no personagem príncipe, cujo o ar humano e soturno lhe são mais característicos.
Começa-se com o pai morto de Hamlet, interpretado por praticamente todos os atores da peça levantando-se da armadura (que estava estirada no meio do palco antes de começar a encenação) e com suas varias vozes e jogos de luzes atormentando os guardas e o jovem príncipe.
A peça segue um pouco massante no primeiro ato, com muitos gestos desnecessários e adaptações, um ar
de demora contínua impregna as falas (que por sinal tiveram quase todas um belíssimo efeito de cuspe voador).
No tradicional "To be or not to be?" não houve Hamlet introspectivo e profundo, mas sim um personagem apresado,
de uma violência vazia típica dos ignorantes e algumas vezes dos loucos. Frases devoradas e uma essência perdida que trouxe em si a sutileza dos dias de hoje.
Estamos em tempos de perda da essência; Este, é o mal da modernidade.
O figurino que parecia ter saído de uma loja de grife moderninha, deu um ar atemporal (ou temporal em demasia) à obra.
Durante a peça ouvi uns comentários negativos do público, entretanto algumas atitudes tomadas em palco nas próprias falas se justificavam.
A câmera foi um jogo visual televisivo, que se tivesse sido bem apropriado nos momentos não teria sido a faca de dois gumes
que foi, pois se em certas horas mostrava uma perspectiva diferente e tornou-se indispensável para o final e para o afogamento de Ofélia,
(qual achei muito bom, diga-se de passagem) em outros causava uma distração na cena
e atrapalhava a estética do palco (como dito anteriormente, desnudado).
Senti falta de humanidade e serenidade na peça, em poucos momentos a melancolia e a sobriedade aparecem, entretanto,
a violência e os mais variados gestos e traços cômicos tiveram seu aspecto
positivo, dando à peça um ar de originalidade e talvez para alguns suave graça,
Ofélia depois do intervalo sucinto de dez minutos foi de maneira muito interessante interpretada, com canções populares, delírios, e um toque
suave e explicito de sensualismo (talvez eu até me atrevesse a usar erotismo). E seu irmão Laertes também foi representado bem,
não digo com maestria, porém, sóbrio em aspectos.
A luta de esgrima, durante o duelo entre Hamlet e Laertes foi bem encenada e interessante em aspectos técnicos. Golpes fugazes e bem direccionados, e a cena seguida da morte por envenenamento da mãe de Hamlet, simplesmente um belíssimo desfecho!
Não tenho comentários sobre a trilha sonora, composta por algo que eu penso ser um tipo de "New Folk" usado apenas em momentos de extrema necessidade auditiva.
Tirando estes fatos que me chamaram à atenção a peça em si foi boa, ou no mínimo, rasoavel. Interpretação bem feita,
sem demais falhas grandes, e mantidas na medida do possível, com um elenco sucinto, múltiplos personagens bem trabalhados.
Então em seus 180 minutos, a peça correu sem grandes alardes, dando exeção apenas a algumas atuações chamativas, e na medida do possivel uma prova da modernidade e contextualização.
Eu diria até interessante se não fosse a falta de humanidade numa obra tipicamente humana.

Saudações.