Dentro do pensamento parte destes escritos foram perdidos, mas isso não importa...
Palestras, aulas, carteiras, Professores... Transitam abaixo de mim, e ao meu lado. Não importa. Transitam, e isso lhes basta.
No primeiro andar o professor passa pelo corredor, de vermelho. E o que isso tem haver? As cores continuam as mesmas e se mesclam umas nas outras, enquanto eu, me apavoro. A solidão se instala em mim. Entretanto, não como tem se instalado ao longo destes anos. Estou sozinha e o que me amedronta não é o fato de não conhecer os outros, mas de que talvez alguém possa vir falar comigo.
Vou ao banheiro e recuo, ando pelo corredor de um lado para o outro, e num ímpeto de coragem tomo-me e entro. Olho cautelosamente para as paredes, há escritos na porta de madeira... Não são os costumeiros maldizeres que se apossam comum-mente em forma da grafite a tinta clara; São indagações sociais como a constatação deste poema. Revolta de quem se encontra inserido e revolto dentro de um turbilhão de olhares tortuosos, força que tenta esmagar e expelir aquilo que aos outros provoca temor, e por isso asco. Vírus estético provocador de desajuste ideo-visual; Quero lavar o rosto. Minhas faces estão coradas pela vergonha que se apossa de mim. Algo em mim se incomoda neste edifício. Perturbarei eles com a minha pequenez? Não... Pequena, não... Mas há algo em mim que os afasta e incomoda, como se os olhares transformassem-se em dardos em minha direção... Atrapalharei eu sua ordem usual com a minha poesia, ou ao menos, com o meu cheiro de noite enraizada? Talvez... Melhor, incomodarei eu a eles com a minha violência? Mas esta não é a questão. (Então, qual é?)
Estou com medo e por isso escrevo estas letras tortas, mas a consciência do medo o torna diferente... Estar apavorada, e isso não me basta, por que prossigo dentro desta academia.
O Professor passa por mim e não o cumprimento, ele também não faz questão e não me reconhece, deixamos por isso mesmo. Ao longo ele fala com um homem e eu os observo.
Observo tudo deste terceiro andar.
Relocam-se os corpos na sala de aula, e eu tremo e evito a vontade de fumar. Um corpo estranho nas entranhas do desconhecido, e esse sentimento que se apossa branco, sem saber, de minhas faces e fomes. Não posso correr e não quero. Fazem cotas da vida os idosos sabidos, e minha caligrafia se distorce em suas faces em fronte ao titubeio. Tenho calor e sede. Tenho água fria e café amargo, mas nenhuma vontade de beber. Pessoas comentam sobre avaliações e, perdem-se na plenitude do discurso...
......................................................... 12-5-2010