terça-feira, 24 de agosto de 2010

Elephant Gun

Bebo como um miserável
Em busca de algo perigosamente inalcançável.
Bebo, apenas.
A suja fumaça do cigarro embala
Uma canção interminada,
Um caminho interminável
....................que se dissolve
......por sobre meus olhos
................até onde
.....................não consigo alcançar.
A palavra por si só me basta: Mas não apenas.
É preciso o fogo, a agulha, o trovão...
...............O isqueiro que ascende por inteiro
........o meu etinerário,
.................o meu precipício
.............................minha dissolução.
Um telefonema mal respondido
....E um caso completamente inacabado;
Enquanto isso,
............eu piedosamente me embriago,
......Mas sem nenhum sentimento de resolução
...............ou compadescência,
.....................somente a consciência plena de que nada adianta
............E nada retomará ao seu antigo lugar.

Como um suicida que se deixa seduzir pelo cano gelado
Ou pelo gosto intragável que se alastra
...................................dentre sua garanta
.....................caio, solenemente, como uma pluma
.................em meio a uma viela não memorizada
............................uma estrada embasbacada
........................um meio-dia que nunca há de se cumprir...
....................Em pleno amanhecer desesperançado
................que nada espera, se não, a ressaca que vem
................................................das ondas que nada trazem,
........................a areia nada resigna
.................................e apaga os passos já dados;
.....Esta noite, bebo para morrer... Esta noite,
....................................e apenas.

Um comentário:

  1. Faz-se um tão grande esforço para a morte...

    quisera fosse empregada igual energia para a vida.

    Fóssemos nós humanos eficazes ao ponto de sempre conseguirmos empregar nosso ímpeto com amor...
    Sem deixarmo-nos levar pelas correntes vãs das desilusões...

    Grande abraço, amigo!

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