sábado, 24 de abril de 2010

Balada Marítima I [Entre o Poema e Ipanema]

Balada Marítima

I

"Basta em si apenas/ Suas metáforas e mecânicas,/
Dissoluções verde-olhar/ Que penetra(m) em espuma/
Os pés que se transmutam/ líquidos, e se dissolvem/
voltando à forma originária/ Onde Tudo é Um."

Só, o mar é pleno.

Emanto o corpo e a corda
Que desfragmentam entre braços
A suave canção que me aninha.
Sou arremessado
Entre rochas e Vazio, enquanto
inerte de qualquer ação, se não Céu.

Não me empenho em lutar:
aceito a água como se aceita o sol em dias de verão,
......................[como se aceita o verão em dias de sol]
Sem tormenta ou exaspero,
Apenas regozijo brando e branco,
E então, esqueço-me de tudo.

(Não pensar se torna o princípio de tais coisas)

Na ausência se instaura: O sentido,
Segundo frígido e frágil,
Em que tudo torna a acontecer
De maneira inesperada e mecânica;
Como as ondas, que se chocam
E me alimentam com sua força e violência,
Rodam dos reglógios os ponteiros,
Ossos que explodem em engrenagens
E tornam-se se não areia,
Fina calidessência do mar e do pano
Que cobre o tempo e o cosmos.

Sem que eu possa ter sequer reação...
Fecho-me os olhos,
..................................deixo-me afundar...



(...)



Abro os olhos e acalanto,
Ultramarino decomponho-me em sal.

Beijada é minha face sobre a superfície,

Tenho (entre os dedos) uma gaivota;

..............................Em cima de uma pedra
................Com um relógio preso ao corpo
................Desfiguro as horas fugidias e sorrio;
................- Agora eu sei como é morrer no mar:
.......................É morrer e encontrar-se vivo.

Um comentário:

  1. e no final das contas, eu e PH concordamos em uma coisa. acontecesse o que acontecesse, bons poemas sairiam.

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