terça-feira, 15 de março de 2011

Rua dos Carvalhos

Hoje, estou somente eu,
Na rua fumo como todos os dias,
Estou cinza, triste, noturno,
Como sempre estive,
E comedido lembro que sou um poeta
e que preciso escrever.
As ruas já me são familiarizadas,
em menos de uma semana,
Entretanto, ainda sou um estrangeiro
Dentro de meu próprio país.

Amanhecerá como todos os dias,
A luz da manhã irradiará o meu quarto,
meus livros, meus móveis recém comprados,
novos ainda que usados, que me remetem a uma nova vida,
uma nova casa, um novo porvir.
Ainda assim, estou só.
Hoje estou sereno, calmo,
Completo em mim mesmo, e sinto
suavemente a solidão das almas
se instaurar em toda a minha repletude.
Há braços, mas os únicos braços que encontro
são os meus. (Quando estendo as mãos, é claro).

Não quero beber, diminuo os cigarros
conforme a intensidade se esvanece,
Lembro de meus projetos e de meus amigos,
Reconheço a luz acesa da janela
de meus novos amigos, e sorrio, sem muita graça
ao saber que se encontram dormindo,
e esqueceram, como sempre, a luz da sala acesa.
Recordo de meus amigos antecessores,
De meus queridos que deixei para trás.
Sinto teus hálitos, seus corpos, seus abraços,
E ouço o som de pássaros imaginários,
que para mim, são silvestres, e selvagens apenas,
habitam os topos dos céus com suas asas de fogo e sombra.
Hoje, na rua do Paralelo, não há ninguém,
mas ainda se encontram dois homens tomando
suas refeições noturnas. Eles não me dizem nada,
Somos desconhecidos.
Nos desconheceremos sempre, enquanto sempre,
e formos humanos mergulhados no seu próprio egoismo.

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